O TEOREMA PÓS-MEDIEVAL DE PASTERNAK

 



Texto copiado do Facebook de Fred Burgos



Depois um período sombrio de negacionismo, é natural que vejamos surgir quem se arvore a porta-voz de uma visão absolutista da ciência, interessado em classificar como pseudociência tudo aquilo que não corresponde à sua realidade axiomática. Essa é o movimento do livro “Que Bobagem! pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério”, da bióloga Natália Pasternak e do jornalista Carlos Orsi, seu marido. Os dois incluem no mesmo balaio psicanálise, homeopatia, acupuntura paranormalidade, discos voadores, antroposofia e poder quântico.

Depois de todo o miserê religioso da Idade Média, surgiu a concepção cartesiana de ciência, separando matéria e mente. Há um esforço de distanciamento compreensível no século XVII. Não há o menor sentido desse empreendimento hoje, quatrocentos anos depois. Nenhuma pessoa de bom senso é capaz de negar o que a psicologia e a psicanálise em específico têm entregado à humanidade. Assim como ninguém aspira classificar como filhas exatas da mesma perspectiva epistemológica a física tradicional e a física quântica. Quem não tem bom senso, não terá com o livro de Pasternak. Só um novo fórceps!

Ela e seu marido se levam a sério demais, acreditam demais em si mesmos: “Buscamos oferecer uma vacina para o pensamento mágico, um manual para reconhecer mercadores de ilusões e identificar soluções mágicas. Esperamos assim poupar a saúde, o bem-estar e o bolso do leitor”, dizem, lá eles. Menos, queridos!

Os dois partem de um pressuposto básico infantil: a deificação da ciência. Diz o casal: “A ciência é limitada pela nossa capacidade de ver, interrogar e interpretar a natureza”. Mais bobagem! Os dois continuam separando matéria e mente. A ciência não tem vida própria. Ela existe em razão de nossa capacidade, sempre limitada, de se apropriar da realidade. Não existiria se não existíssemos com nossas deficiências. Pensar o contrário, isso sim, é mistificação. A ciência e a religião passam a ter algo em comum a partir desse tipo de pensamento dual.

Para eles, deve ser uma bobagem diagnosticar que um sintoma físico tenha possivelmente como correspondente uma dor psíquica, após um cem número de pesquisas confirmarem isso. Possivelmente devem entender como magia qualquer tentativa de explicação para reações distintas de dois irmãos gêmeos que vivenciarem o mesmo evento traumático. Há algum cálculo cartesiano que dê conta desse desafio?

Todo mundo mais ou menos informado sabe que a ciência de Pastrernak e Orsi tem limites internos – regras, axiomas, leis, teoremas etc. – e outros impostos pelos instrumentos e técnicas de mensuração. Isso sem esquecer os limites mais importantes de natureza ética, política e econômico-financeira. Para que tanta mise-en-scène cartesiana em pleno século XXI?

Bobagem pura!

* O cara da imagem é René Descartes, filósofo e matemático francês (1596-1650). Não é Pasternak. 
Texto copiado do Facebook de Fred Burgos

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